A hora da estrela
O livro A hora da estrela foi escrito no ano de 1977, mesmo ano da morte de sua autora. Esse período foi marcado pelos romances regionalistas e por inúmeras denúncias sociais. Clarice Lispector, dentro desse contexto, se destacou por retratar a vida cotidiana, fazendo uma reflexão existencial. Dessa forma, a autora afirma através do narrador: “Enquanto eu tiver perguntas e não tiver resposta continuarei a escrever.” (LISPECTOR, 2008, p.11).
Além disso, a escolha pela abordagem da vida de uma retirante pode ter sido influenciada pela grande migração dos nordestinos para o sudeste do Brasil, que saíam em busca de uma vida melhor. Porém, a realidade continuava difícil, como vemos em: “[...] tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que um salário mínimo.” (LISPECTOR, 2008, p.45).
-Enredo:
A novela A hora da estrela conta a história de uma nordestina que foi para o Rio de Janeiro e, após a morte de sua única parenta viva, sua tia, passou a morar em um simples quarto compartilhado com mais quatro moças e a trabalhar como datilógrafa.
A simples moça recebe o nome de Macabéa para cumprir uma promessa feita por sua mãe caso ela “vingasse”. Macabéa era caracterizada por ser uma moça pobre, com um corpo muito delgado, “[...] é virgem e inócua, não faz falta a ninguém.”(LISPECTOR,2008,p.14). Possuía ombros curvos, manchas no corpo, raramente se limpava, tinha fé, porém “[...] não pensava em Deus, Deus não pensava nela.” (LISPECTOR, 2008, p.26). Macabéa era calada e “incompetente para a vida [...]” e “[...] vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manhã.” (LISPECTOR, 2008, p.33).
O narrador trata à nordestina como uma moça incapaz de fazer grandes reflexões sobre a existência. Ela vive, e isso já basta. “[...]Sua vida era uma longa meditação sobre o nada.”
Macabéa se apaixona, então, por Olímpio de Jesus, um metalúrgico nordestino que