A história dos acontecimentos
Burke afirma haver uma oposição entre os historiadores que consideram as estruturas mais seriamente que os acontecimentos - como Braudel - e aqueles que continuam a acreditar que a função do historiador é contar uma história dos acontecimentos. Nesta campanha, ambos os lados estão agora entrincheirados em suas posições, mas cada um deles tem feito algumas observações importantes à custa do outro (p.330). Burke menciona os historiadores que contam histórias e os historiadores que se preocupam com as estruturas. Aponta os limites e as diferenças entre a narrativa tradicional e a história estrutural, valendo-se da contribuição de Laurence Stone e de Simon Schama sobre a tendência do retorno da narrativa na historiografia.
Burke discute a possibilidade de uma nova forma de escrever história. Considera que as formas existentes encontram-se “inadequadas aos nossos propósitos” (p.336). Afirma que algumas inovações literárias apresentam “ soluções para problemas com que os historiadores há muito vêm lutando” ( p.336).
Assim, Burke sugere aos historiadores 1) que contem a história com mais de um ponto de vista, praticando a heteroglossia; 2 ) que pensem na possibilidade de outras interpretações, além daquela que o historiador escolheu para o momento; 3 ) que adotem um novo tipo de narrativa para “fazer frente às demandas dos historiadores estruturais, ao mesmo tempo em que apresenta um sentido melhor do fluxo do tempo do que em geral o fazem suas análises” (p.338).
A última sugestão é o tema principal do capítulo em questão, informa-nos Peter Burke. Recorrendo a Clifford Geertz e a sua descrição densa, afirma: “ O problema que eu gostaria de discutir aqui é aquele de se fazer uma