A História do Açucar
Durante centenas de anos, o açúcar foi um produto raro, símbolo de poder e riqueza
Lívia Lombardo | 01/07/2007 00h00
É difícil hoje em dia imaginar como seria a vida sem o açúcar e, conseqüentemente, sem o bolinho da vovó, o cafezinho adoçado, o doce para a sobremesa. Pois até o século 17 as pessoas viviam sem essa substância extraída da cana.
Antes do açúcar se tornar um produto acessível, as duas únicas fontes de sabor doce no mundo eram o mel e a cana. Ao que tudo indica, foi pela Índia, por volta do ano de 325 a.C., que o caldo de cana entrou para a história (e o paladar) ocidental. Quando Niarchos, soldado de Alexandre, o Grande, chegou ao vale do Indo com a missão de conquistar a Índia Oriental, ele deparou com nativos bebendo o suco da cana fermentado. A partir daí, com a alcunha de “sal indiano”, o produto passou a ser importado por preços altíssimos por gregos e romanos.
Muitos séculos depois, por volta do ano 600, foram desenvolvidas as primeiras técnicas de refino de açúcar em uma universidade de Pérsia. A idéia era facilitar o estoque, transporte e comércio do produto sem fermentá-lo. Com a conquista da Pérsia pelos exércitos árabes islâmicos, em 650, a receita do processamento do açúcar passou para os árabes, que assumiram o negócio e levaram mudas de cana para serem cultivadas nas terras conquistadas. Era o início da expansão do açúcar pelo mundo. As Cruzadas, que confrontaram muçulmanos e cristãos, também contribuíram para a difusão do produto pela Europa. Os cristãos tiveram contato com a “especiaria” no Oriente e continuaram usando-a quando voltaram para casa.
Até o século 17, no entanto, o açúcar era extremamente raro. Utilizado como remédio contra a peste negra, como tempero em minúsculas quantidades e como meio de preservação de frutas, o produto possuía preço tão elevado que logo se tornou um bem de ostentação e luxo. Grandes esculturas de açúcar, normalmente na forma de navios e palácios, chegaram a ser produzidas