A história de um jornalista
Em tempos de revolução, Rabêlo sempre foi uma pessoa muito otimista. "Preferia ver os lados bons da vida. Aqueles anos sombrios serviram para estreitar a relação entre companheiros que lutavam pela reconquista da democracia, com fortes laços de solidariedade." Percebeu as dificuldades na vida logo cedo, quando, sozinho saiu da casa de seus pais, e foi estudar e trabalhar na capital mineira, Belo Horizonte. "Sempre quis viver com independência, porque papai pouco podia me ajudar, devido ao grande número de crianças ainda dependentes dele."
Em 1952, Rabêlo exercia intensa atividade política junto aos movimentos sociais. Com o seu colega Euro Arantes fundou o jornal Binômio, um jornal independente e contestador, onde combinava o humor com denúncias políticas, com reportagens, charges e crônicas. O nome do jornal foi inspirado quando eles decidiram escolher o lema do então governador do Estado, Juscelino Kubitschek, "Binômio Energia e Transporte". Para contrapor o slogan, eles lançaram o jornal "Binômio Sombra e Água Fresca", que mais tarde tornou-se apenas Binômio. “O binômio do governo tinha aquela propaganda toda. Então, a palavra adquiriu autonomia e virou nome do jornal”. O jornal virou fenômeno de venda, chegou a vender 60 mil exemplares em uma única edição e mais tarde incorporou jornalistas e chargistas na equipe, entre eles Fernando Gabeira, Roberto Drummond, Guy de Almeida, Oseas de Carvalho, Ponce de Leon, Ziraldo e Borjalo, todos em início de carreira. Em pouco tempo, o Binômio tornou-se motivo de preocupação por diversos interesses políticos e privados. Entre eles, o comandante do exército de Minas Gerais, Punaro Bley, indignado com uma reportagem