A História da Ópera
A tragédia grega já tinha musicalidade. Na Idade Média, artistas de jograis e comédias cantavam pelas ruas. A própria Igreja se valeu de cantos gregorianos. A rigor, contudo, a ópera surgiu como resultado de um grupo de estudos sobre a Antiguidade, formado por artistas e professores (a chamada camerata), na década de 1570, em Florença, na Itália. "Os nobres faziam questão de patrocinar reuniões com nomes importantes das artes e das ciências", diz Robson. Vicenzo Galilei, pai do astrônomo Galileu, por exemplo, reunia-se em torno dos condes Giovanni Bardi e Jacopo Corsi.
Em 1597, o músico Jacopo Peri, também vinculado a Corsi, compõe Dafne, uma mistura de teatro e canto que foi apresentada na corte florentina. Mas, como boa parte de Dafne se perdeu, alguns estudiosos consideram Eurídice, do mesmo autor, a primeira ópera da História. Ela foi encomendada três anos depois, para o casamento dos franceses Henrique IV e Maria de Médici. Do ponto de vista dramático, no entanto, a pioneira é Orfeu, de Claudio Monteverdi (1567-1643), estreada em 1607, em Veneza. Na obra, apareceram as árias e os coros, no lugar dos recitativos, e algo que se pode chamar de orquestra, pela primeira vez com trombones, flautas, violinos e harpa. "Monteverdi realiza o sonho da camerata. A música não é simplesmente um adorno, nem a palavra é apenas a recitação de um poema com a ajuda de algumas notas musicais", observam os pesquisadores Fernando Fraga e Blas Matamoro.
Mistura de classes
Orfeu foi sucesso de crítica, mas teve pouco público. A monarquia, então, decidiu abrir as óperas a todas as classes sociais. O que só aconteceu, na prática, durante o carnaval de 1637, no Teatro de San Cassiano, de Veneza, com Andrômeda, de Francesco Manelli (1595-1667). A partir daí, o ingresso passou a ser pago, a ópera virou um empreendimento comercial e os artistas ganharam prestígio e fama. Como as mulheres eram proibidas de cantar nas igrejas (até alguns instrumentos,