A história da silva lusitana
por
Jorge Paiva
(Biólogo)
Contam-se e aprendem-se muitas histórias durante a nossa vida. Na infância são histórias muito variadas para entretenimento ou para uma melhor integração das crianças no meio em que vivem. Nos estabelecimentos de ensino aprende-se a história do nosso país, a história universal, um pouco de história da literatura, da poesia, das ciências, das religiões, etc. Como normalmente não se refere a história da nossa floresta (silva, em latim), apresentamos uma resenha da história da floresta portuguesa (silva lusitana) desde que o homem habita a Península Ibérica, pois, além do mais, a silva lusitana foi-nos muito útil para acoitarmos os nossos exércitos nas pelejas contra os mouros, assim como também o fizeram os franceses que acoitaram os seus exércitos clandestinos no “maquis” na luta contra a ocupação alemã na última Grande Guerra e os vietnamitas que se acoitaram nas florestas tropicais na guerra contra os americanos.
Durante as grandes mudanças climáticas pleistocénicas, com avanços e recuos dos gelos continentais (glaciações), o nosso território esteve coberto de florestas diferentes das actuais. Antes da última glaciação (Würm), já com a espécie humana a viver por cá, este cantimho europeu, com um clima subtropical e húmido, estava coberto de uma floresta de lenhosas sempre-verdes (folhagem persistente), com composição semelhante à que se observa, ainda hoje, nos Açores, Canárias e Madeira. Nestes arquipélagos essa floresta (laurisilva) não foi devastada pela última glaciação, porque as ilhas, estando rodeadas de água, um líquido termo-regulador, as temperaturas não atingiram os baixos valores das regiões continentais. Assim, a laurisilva sobreviveu ali, enquanto foi desrtruída nas regiões continentais. Este ecossistema (laurisilva) é assim designado por ser um tipo de floresta com árvores da família das Lauráceas, como o loureiro (Laurus nobilis e Laurus azorica), o til (Ocotea foetens ), o