A hist ria da nossa literatura tem sido estudada de v rias maneiras
Essas concepções contribuíram e contribuem, cada uma a seu modo, porque não há critérios absolutamente válidos, mas neste livro o ponto de vista é diferente, pois o autor procura determinar de que maneira a literatura foi se formando como atividade regular e como instituição de cultura, caracterizada pela articulação progressiva de elementos que permitem falar em literatura plenamente configurada.
Para isso, recorre à idéia de “sistema”, ou seja, o entrosamento orgânico de “autores” que manipulam meios expressivos concretizados em “obras” por eles produzidas e recebidas por um “público”. Quando se estabelece esse relacionamento, forma-se uma “tradição”, que permite aos novos autores inspirarem-se nos antecessores locais, em lugar de recorrerem apenas às sugestões das literaturas matrizes. Deste modo, forma-se uma “continuidade”, que assegura na duração temporal o funcionamento do sistema.
Aplicando esta hipótese, o autor distingue três momentos na história da literatura brasileira: (1) o das manifestações literárias”, do século XVI a meados do século XVIII; (2) o da “configuração do sistema literário”, da metade do século XVIII ao fim do Romantismo; (3) o do “sistema literário consolidado”, que vem até os nossos dias. No primeiro momento não há vida literária, mas atividades isoladas em vários pontos da colônia, ligadas ao sistema literário português, o que não impede o aparecimento de grandes escritores, como Antonio Vieira e Gregório de Matos.