A gênese social do garanhão e o mito da buceta-troféu
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A gênese social do garanhão e o mito da buceta-troféupor Leitora Anônima em 15/01/2013 às 9:13 | Artigos e ensaios, Ladies Room, Relações, Sexo
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Outro dia confidenciei a uma amiga estar chateada porque um carinha com quem saí desapareceu logo depois, sem deixar rastro. Imediatamente após saber que eu fui para a cama com ele no primeiro encontro, ela foi taxativa:
“Ah, tá explicado. Ele sumiu porque você não se valorizou o suficiente, foi logo entregando o ouro”.
Essa acusação me remeteu imediatamente a uma outra fala, ainda mais crassa, que tive o desgosto de ouvir há alguns meses.
Uma colega de trabalho tem uma filha de 18 anos que recentemente arrumou um namorado com quem está cogitando fazer sexo. A mãe me relatou ter pedido à filha que pense muito bem antes de “se entregar” ao rapaz, pois, segundo ela, a moça ainda virgem possui um bem muito precioso que lhe permitirá escolher o melhor dos homens: o hímen.
Tratam-se de duas versões – uma hard e outra soft, uma contemporânea e outra antiga – do mesmo discurso machista. Sim, o machismo tem expressões agudas, como a violência contra a mulher, o estupro, a criminalização do aborto, a mutilação genital feminina, o feminicídio, mas também está entranhado nas nossas relações cotidianas. E cria um abismo emocional entre homens e mulheres que leva a muitos desentendimentos, frustrações e brochadas épicas.
Permitam-me agora algumas generalizações. Obviamente não são todas as pessoas que pensam e agem assim, mas esse breve exercício deve servir para elucidar o que está por trás da fala da minha amiga e minha colega.
Uma enorme proporção de mulheres e homens sobrevalorizam o sexo e tratam a vagina como um troféu. À mulher, cabe regular o acesso masculino à buceta, estabelecendo condições, elaborando testes, submetendo os homens a rituais malucos retirados de comédias românticas. Ao homem, cabe o papel de vencer a resistência feminina sem, contudo, se deixar aprisionar pelas