A guerra dos zapatistas
É uma guerrilha que nasceu no estado de Chiapas, no sul do México. Seu nome é uma homenagem ao revolucionário Emiliano Zapata (1879-1919), que liderou uma luta pela reforma agrária no país no início do século 20. Os zapatistas ganharam fama internacional no dia 1º de janeiro de 1994, quando uma milícia com homens encapuzados - o Exército Zapatista de Libertação Nacional - ocupou as prefeituras de diversas cidades na região de Chiapas. Os zapatistas queriam chamar a atenção do mundo para as três principais reivindicações do movimento:
1. O fim da marginalização dos indígenas locais, descendentes dos maias;
2. A extinção do NAFTA, o tratado de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá, visto por eles como exemplo de submissão ao poder americano;
3. Combater a corrupção na política local. "Pela primeira vez na história, a luta armada não foi empregada para derrubar o sistema, mas para exigir a inclusão nele. Os zapatistas queriam a abertura do diálogo e o reconhecimento dos índios na discussão do sistema democrático", diz o cientista político Héctor Luis Saint-Pierre, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A ação durou pouco: pressionados pelo exército mexicano, os zapatistas deixaram as cidades horas depois.
Com a morosidade das negociações e a resistência do Exército, o governo mexicano decidiu reprimir violentamente os zapatistas. Em dezembro de 1997, um confronto entre as tropas do exército e integrantes do grupo revolucionário resultou na morte de quarenta e cinco membros do EZLN da aldeia de Acteal. Com isso, a questão social do México ganhou espaço na mídia internacional e chamou a atenção do mundo para a crise social e institucional vivida em solo mexicano.