A guerra do golfo
Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, no coração da superpotência, expuseram uma vulnerabilidade desconhecida aos governantes norte-americanos. A estrutura do sistema internacional, entretanto, não foi alterada. A invasão e a ocupação, pelos Estados Unidos, do
Afeganistão e do Iraque, esse último sem autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mostraram que a primazia norte-americana no sistema internacional prossegue.
Tal condição é, em grande medida, explicada pelo poder militar do país, visto por muitos como incontestável. Essa percepção, mesmo que não estendida à capacidade anti-insurrecional, tem seu ponto de origem na retumbante vitória que norte-americanos e aliados tiveram nas areias do Kuwait e sul do Iraque há aproximadamente vinte anos, durante a chamada Operação Tempestade no Deserto. Analisar tal conflito mais detalhadamente, portanto, é não apenas salutar exercício de análise estratégica; é também mister para se entender até que ponto vai o predomínio militar convencional dos Estados Unidos no mundo atual.
A Guerra do Golfo foi um dos maiores conflitos militares convencionais da última metade do século XX e, sem dúvida, o maior dos últimos vinte anos. Envolveu mais de trinta países e toda a panóplia de equipamento militar convencional moderno existente. No pequeno teatro de operações
– a fronteira desértica do Kuwait com a Arábia Saudita, o território do país ocupado (Kuwait) e parte do sul do Iraque – concentraram-se mais de um milhão de combatentes. A batalha que aí se desenrolou lembra, em consequência do número de soldados e equipamentos envolvidos e do caráter absolutamente convencional da contenda,