A grande transformação Polanyi
À época em que foi lançado, o livro teve muito pouca repercussão, mas, a partir das últimas décadas do século XX, desperta um interesse crescente, ao ponto de ser hoje amplamente considerado como um clássico da literatura sobre o capitalismo. O fato de suscitar vários estudos e análises mostra a atualidade do pensamento de Polanyi, ou, mais precisamente, evidencia que algumas de suas contribuições são mais relevantes hoje do que nos primeiros anos que se seguiram à sua publicação. 2
Um conceito central da obra é o de mercadoria fictícia. As mercadorias fictícias de Polanyi são: terra trabalho crédito (dinheiro)
Segundo o autor, as mercadorias fictícias ou pseudo-mercadorias, são vistas como mercadorias porque são vendidas, e sujeitas às leis do mercado. Mas, de fato, não são mercadorias porque não são produzidas para a venda, nem por trabalho assalariado.3 Nas palavras de Polanyi:
"Falta às mercadorias fictícias um atributo essencial que um bem deve ter para ser mercadoria: o de ser produzido para ser trocado. O trabalho, a terra e o crédito [...] de acordo com a definição empírica de mercadoria, não são mercadorias. O trabalho é apenas outro nome para uma atividade humana que é parte da própria vida, a qual por sua vez não é produzida para a venda mas por razões inteiramente diversas, e esta atividade não pode ser destacada do resto da vida, ser armazenada ou mobilizada; a terra é apenas um outro nome para a natureza, que não é produzida pelo homem; o dinheiro real por fim, é apenas um símbolo de poder de compra que, de maneira geral, simplesmente não é produzido, mas passa a existir através do mecanismo dos bancos ou da finança estatal. Nenhum deles é produzido