A grande seca de 1877 - migrações e experiencias do sertanejo
nesse dia é que se saberia a sorte do Ceará. Na noite do dia 18 de março poucos foram os que dormiram. Ao quebrar das barras já todos estavam nos terreiros, com o olhar fito no levante. O céu estava limpo e ponteado de estrelas, que esfuzilavam em todos os rumos. Um movimento de nuvens foi aparecendo no nascente ao mesmo tempo que um vento frio soprava de floresta a fora. A luz do luar em plenilúnio ia enfraquecendo, à proporção que a claridade crepuscular ia aumentando: não tardaria o aparecimento do sol. As nuvens afastaram-se como um reposteiro, que fosse corrido, brilhou a aurora, franjando de ouro o contorno dos estratos, depois apareceu o sol, um globo de fogo, semelhante a cobre fundido. O vento de leste esfuziou mais forte e foi uivando de mundo afora, torcendo a ramaria das árvores, levantando do solo nuvens de folhas secas e de poeira. Os sertanejos, que olhavam o nascer do sol, baixaram a vista, alguns chorando sua sentença de morte. 2
A partir desta data, perdidas as esperanças de chuva, o sertanejo começa a “arribar” de sua terra natal. Seguindo um caminho até já conhecido dos mais velhos, veteranos de outras secas, o sertanejo, em um primeiro momento, procura os vales serranos, vilas e cidades litorâneas. Mas os vales também estavam secos, áreas úmidas como as chapadas da Ibiapaba, Meruoca, Araripe, Baturité e cercanias da capital, como Maranguape, também sofriam os males da escassez de água da chuva. Vilas e