A grande internaçao
da Loucura”, qual é a posição filosófica do primeiro Foucault, o Foucault da década de 60, conhecido como “arqueólogo dos saberes”?
Pretendo, portanto, mostrar a posição do Foucault arqueólogo em relação à modernidade, ou melhor ainda, ao humanismo da modernidade, explicitando em que sentido Nietzsche é o principal filósofo que se encontra subjacente a essa tomada de posição filosófica.
Essa palestra foi titulada “Foucault, Nietzsche e a Crítica da Modernidade”, mas nós poderíamos chamar também “Foucault e Nietzsche” ou ainda outro título “História da Loucura e Crítica da Razão”.
Eu não tenho dúvida de que isso que Foucault elaborou com o nome de história arqueológica tem, quando se trata de pensá-la como método, como processo de investigação filosófico, tem como referência básica a epistemologia francesa, a chamada história epistemológica como história conceitual da ciência. Tenho como hipótese que cada livro arqueológico de Foucault se definiu com relação à epistemologia, para dar conta de um tipo de ciência ou de saber diferente daqueles estudados pelos epistemólogos. Quer dizer, um deslocamento de ciências naturais ou de ciências da vida para um campo específico, para essa região tão diferente que foi chamada ciências do homem ou ciências humanas. Cada livro de Foucault se redefiniu metodologicamente com relação ao que faziam Bachelard, Canguilhem, Koyré, Cavaillés, Althusser, que, em geral, foram mestres de Foucault do ponto de vista metodológico. Isso quando se trata de definir o que faz Foucault do ponto de vista metodológico. Eu o definiria sobretudo por esse deslocamento com relação ao que faziam, ao que fizeram ou fazem os epistemólogos.
No entanto, quando se trata de compreender não propriamente o método, mas a temática, o conteúdo filosófico de seu pensamento, a meu ver, as questões que norteiam, que motivam as investigações de Foucault são