A Grande Ilusão
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São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001
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CINEMA/ESTRÉIAS
"A GRANDE ILUSÃO"
Em longa que precede a Segunda Guerra, diretor francês faz admirável construção de personagens
Renoir faz psicologia primar sobre poesia INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em 1937 , os prenúncios de uma nova guerra mundial já estavam no ar -e talvez seja isso que melhor explique o fato de
"A Grande Ilusão" ser uma exceção na carreira de Jean
Renoir.
A imensa maioria de seus filmes -entre eles, o hoje cantado e decantado "A Regra do Jogo"- fracassou miseravelmente, com o mesmo ímpeto com que se impôs à posteridade.
O apelo de "A Grande Ilusão" é, em primeiro lugar, o pacifismo. Tudo nos faz pensar no absurdo da guerra, desde que dois aviadores franceses -o nobre capitão Boïeldieu
(Pierre Fresnay) e o plebeu Marechal (Jean Gabin)- são abatidos e depois recebidos no campo de prisioneiros por outro nobre, o capitão Von Rauffestein (Eric von Stroheim).
A partir daí, Jean Renoir se entrega à digressão -figura muito a seu gosto.
Ora nos conduz à amizade supranacional entre Boïeldieu e
Von Rauffestein (maneira de dizer que, antes da pátria, existem as classes sociais -a identidade entre sujeitos da mesma categoria é profunda, independentemente das divisões de fronteira).
Ora nos enreda em tentativas de fuga que envolvem sobretudo os plebeus -embora não de forma exclusiva; Boïeldieu também se envolverá com fugas, como a nos lembrar que um homem não é determinado apenas por sua classe social.
Ora, ainda, introduz um personagem judeu (Marcel Dalio), para nos lembrar de que a origem étnica de alguém não é uma diferença essencial.
Mas é a parte final do filme (que convém aqui não revelar) que nos conduzirá à moral da história: o sentimento de que franceses e alemães podem perfeitamente conviver pacificamente. Nesse sentido, o nacionalismo (e sua