A Grande Depressão
Antes do capitalismo se ter tornado dominante, a vida económica, conheceu abalos, mais ou menos regulares, ligados às condições meteorológicas e às colheitas, aos equilíbrios demográficos, às guerras.. Como é nítido, toda a fase de industrialização capitalista se realiza através de movimentos cíclicos com uma certa regularidade: períodos de prosperidade e de euforia travados por uma recessão ou interrompidos por uma crise, estes mecanismos merecem, a nosso ver, uma abordagem mais especifica pelo que retomaremos o assunto mais adiante, num capitulo destinado exclusivamente a esta matéria.
Deste modo o excessivo desenvolvimento das capacidades de produção, a agudização da concorrência, a queda dos lucros, estritamente ligada à dificuldade de realizar os valores produzidos e a baixa de preços, estão na origem das “crises do século XIX”.
É neste quadro que com a crise de 1873 surge a “Grande Depressão”, que se estenderá até 1895. Segundo Michel Beaud este acontecimento marca o inicio do que se poderia chamar a segunda idade do capitalismo: a idade do imperialismo. Esta fase é segundo Beaud, marcada por três vectores essenciais: o desenvolvimento duma segunda geração de técnicas industriais e de indústrias; a afirmação do movimento operário que, nos países industrializados, obtém regalias apreciáveis; a concentração do capital e o aparecimento do capital financeiro; uma nova vaga de colonização e de expansão à escala mundial, culminando, por fim na partilha do mundo e na “Grande Guerra”.
Efectivamente, com o rebentar da crise em 1873, que para E.Labrousse, é o sinal da era contemporânea finalmente adulta, ela estende-se a todos os países capitalistas. Nascida nos países mais industrializados - Estados Unidos, Alemanha, França e Grã-Bretanha, está claramente ligada a uma superprodução generalizada das indústrias têxteis e siderúrgicas. Os seus aspectos financeiros sublinham o papel preponderante do mercado internacional, uma