A Grande Coita
Desprenderam-se, ainda, do característico "prelúdio primaveril" da supracitada poesia, dos "quadros picturais da natureza primaveril" no qual o amor cortês "aparece enlaçado". Segundo Spina, em "Introdução"2 (in Lírica Trovadoresca),
"o Prof. Rodrigues Lapa procura explicar a ausência do prelúdio primaveril nos cantares d'amor galego-portugueses pelo subjetivismo, pelo intimismo, que bania da canção o sentimento da natureza física, considerado uma superfetação retórica. (...) Esse subjetivismo, que se concentrava exclusivamente na visão de mundo interior do poeta, do seu estado de alma, de sua coita, da sua angústia amorosa, revela nos trovadores peninsulares uma consciência aguda do seu drama e consequentemente o afã de analisá-lo minuciosamente." (SPINA, Segismundo: 2001, p.45-46)2
Objetivar-se-á, a priori, a discussão acerca da coita amorosa e suas reverberações na cantiga 237, do trovador Joan Garcia de Guilhade, bem como ponderações acerca das características supracitadas. Trabalhar-se-á, em seguida, com as relações de semelhanças e diferenças entre a CA 237 e o poema banderiano "Letra Para Uma Valsa Romântica". Transitando brevemente pelo aspecto formal, ela é classificada como uma cantiga de refrão, uma vez que possui estribilho, ou seja, versos que se repetem em todo final de cobra (ou estrofe). Possui três cobras sextilhas singulares (séries de rimas diferentes) com esquema rimático abbacc.