A Gordura Uma Quest O Feminista
54409 palavras
218 páginas
A mulher gorda, mais do que o homem, é segregada e anulada. Mas o peso que mais a incomoda não é aquele registrado na balança — é o da consciência. Quase inevitavelmente, as explicações dadas para a gordura apontam para o fracasso da própria mulher em controlar seu peso, seu apetite e seus impulsos. As mulheres que sofrem do problema da compulsão de comer (que ataca quase todas as gordas) suportam uma dupla angústia: sentem-se desajustadas socialmente e acreditam ser as únicas culpadas por isso. Devido à ansiedade que isso acarreta e ao fato de que as diversas soluções oferecidas às mulheres no passado não as satisfizeram, tornou-se necessário o desenvolvimento de uma nova psicoterapia que lidasse com o problema da compulsão de comer, dentro do contexto do movimento de libertação da mulher. É que se torna cada dia mais claro que a gordura é uma questão feminista. Ela é um problema social, nada tem a ver com a falta de controle ou de força de vontade da mulher, mas pode se tornar uma curiosa forma de protesto.
Este livro não diz o que a mulher deve fazer para emagrecer. Ele trata de ajudá-la a conviver com o seu corpo, a aceitá-lo sem culpa, a perder o peso da consciência. A melhor maneira de emagrecer, como fica claro nestas páginas, é sentir-se desobrigada de fazê-lo. Ao examinar os motivos que levam as mulheres a engordar, Susie Orbach acaba por analisar a própria situação da mulher na sociedade. "O fato de a compulsão de comer", explica ela,
"ser um problema majoritariamente feminino indica que está relacionada à vivência de ser mulher na socieda-
de. Assim, podemos entender o ato de engordar como algo preciso e intencional; é um desafio dirigido, consciente ou inconscientemente, à estereotipagem de papéis sexuais e a vivências de feminilidade culturalmente definidas. A gordura", continua, "é uma resposta à desigualdade dos sexos. Representa sentimentos de mulheres que raramente são examinados, muito menos tratados."
O enfoque terapêutico aqui,