A Gografia contemporânea: diálogos possíveis

A Geografia contemporânea: diálogos possíveis

Entre as ciências sociais, a Geografia é uma das que em determinados lapsos de tempo, levanta questionamentos quanto ao seu objeto de estudo e a sua metodologia. Isto parece ser mais comum em momentos de crise, demandando-se novas abordagens que devem acompanhar a complexa mudança da realidade. Nesse sentido, inúmeras são as discussões epistemológicas, inferidas tanto por geógrafos quanto por outros cientistas, marcas que lhe são subjacentes desde sua institucionalização em fins do século XIX. A atual crise paradigmática das ciências sociais, iniciada no final dos anos 1980, nos põe novamente em discussões a respeito de seu papel dentre as demais ciências sociais: como interpretar o real a partir de um método propriamente geográfico? A atual configuração das relações sociais/políticas/econômicas/culturais do presente nos incita a investigar o papel do espaço diante destes cenários contemporâneos. Destacamos que o espaço se nos apresenta como objeto, por excelência, da análise geográfica na configuração daquelas relações. Em seu livro A natureza do espaço, o professor Milton Santos sistematiza os fundamentos ontológicos do espaço – definido anteriormente em Por uma Geografia nova como o objeto de estudo da Geografia – bem como o método de análise deste pela Geografia. Mas o que aparentemente parece estar dado como uma tarefa fácil na verdade é motivo de dúvidas e conflitos entre geógrafos, seja pela interpretação do método, seja pela não “abrangência” da totalidade pelo objeto. Talvez esteja aí a razão pela qual assistimos a uma pluralidade de enfoques no tratamento da espacialidade como atributo da sociedade contemporânea. Nesse sentido, a busca constante de esclarecimentos quanto ao papel dessa ciência se torna importante na medida mesma em que o movimento do real não é estático, exigindo “novas” (ou mesmo a renovação de abordagens) para decifrar a relação sociedade/espaço. Apesar de reconhecer a mencionada