A globalização do crime
A simplicidade da composição química parece disfarçar a importância da água para o desenvolvimento e preservação de todas as formas de vida existente na Terra. Sem a água, que constitui 70% do corpo humano, a vida, tal como a conhecemos, não seria possível. A sociedade tem negligenciado a possibilidade de esgotamento dos recursos hídricos e vem promovendo intervenções no meio ambiente que prejudicam numerosos mananciais.
Uma das perspectivas sobre o futuro da humanidade diz que, assim como o homem já luta por petróleo, haverá o dia em que também travará embates pela água. Segundo as estimativas de um Fórum Mundial sobre a Água, realizado no México, já em 2025 3 bilhões de pessoas irão viver em países com conflito por falta de água: serão as regiões mais secas do mundo.
Chegar a essa conta não foi muito difícil. Desde 1950, o uso da água multiplicou-se três vezes e são inúmeros os procedimentos em que é necessário o uso do líquido. Entretanto, mesmo a Terra sendo conhecida como o Planeta Água, tendo 2/3 de sua superfície coberta por ela, apenas 1% de sua vastidão azul é disponível para o consumo humano.
De acordo com as regiões do mundo, os números são ainda mais preocupantes: na África 230 milhões de africanos sofrerão pela escassez de água em 2025. Na última década, o continente sofreu um terço das catástrofes mundiais causadas pela água ou pela sua carência, que afetaram 135 milhões de pessoas. Na América do Norte, existe a maior rede de abastecimento, entretanto, 49% da água é usada somente na agricultura e a região apresenta um dos maiores níveis de poluição dos rios. Na Europa, outro índice alarmante: 40% da água transportada se perde no sistema de distribuição. A América do Sul, apesar da riqueza hídrica, possui 2/3 de seu território classificados como zonas áridas, e o nordeste do Brasil é umas das principais.
Na Ásia, o continente mais populoso do mundo, temos 86% da água destinada à agricultura, sendo a média