A gestão espiritual da Loja Maçônica

A gestão espiritual da Loja Maçônica

Crença é algo estranho! E a sua estranheza reside na irracionalidade que inevitavelmente a acompanha. Não se necessita de provas, de lógica ou de testemunhos para se acreditar. Ou seja, nesta esfera o domínio da razão se desfaz, e a crença se firma como uma filha dileta da fé, definida simplesmente como certeza antes da dúvida. Toda e qualquer instituição funciona conforme um sistema específico de crenças, geralmente forjado no calor dos anos e utilizado como base para operacionalização das atividades desenvolvidas. Algumas dessas crenças permeiam o saber e o fazer de todos, como uma espécie de inconsciente coletivo; outras (por mais importante que sejam) simplesmente caem no esquecimento ou são mantidas vivas, única e exclusivamente pela insistência de alguns membros. Acredito firmemente que em Loja os trabalhos acontecem em dois planos – um material, temporal e sensível e outro mais sutil, espiritual. É exatamente o entrelaçamento destas duas realidades que permite desenvolver a nossa existência em sua inteireza e integralidade. Os antigos gregos definiam este ideal como Kaloskagathia - kalos (beleza) e a kagatos (bondade) – a busca da excelência do corpo, da mente e do espírito, eternizada séculos depois pelo poeta romano Juvenal (Iunius Iuvenalis) na famosa frase Mens sana in corpore sano (uma mente sã num corpo são). E seria essa busca incessante pelo aperfeiçoamento, o marco do desbastamento das imperfeições, alma do verdadeiro artífice. O problema é que muitos maçons, ou não compartilham dessa mesma crença ou simplesmente não permitem que ela se torne o verdadeiro lúmen de nossas atividades. Agem ainda motivados exclusivamente por uma das esferas (a material) e consideram as resoluções em torno dos interesses da Maçonaria como de ordem meramente logística e gerencial. No momento em que nos aproximamos de mais um processo eletivo, precisamos lembrar que as decisões que nortearão nossas oficinas pelos