A gestão em sintonia com a vida
A gestão em sintonia com a vidaMarco Aurélio Nogueira | Parto do suposto de que a vida atual é difícil de ser vivida e mais difícil ainda de ser entendida. Estamos hoje obrigados, como intelectuais, operadores sociais e cidadãos, a enfrentar desafios de alta complexidade, tanto para organizar nossas cabeças e agendas pessoais, quanto para organizar as agendas institucionais e alcançar um posicionamento inteligente diante dos processos e estruturas com que interagimos. A própria complexidade exige que cultivemos a modéstia teórica e política, que me parece ser um valor cada vez mais indispensável.Minha contribuição a este evento será uma tentativa de refletir, tanto quanto possível saindo das zonas mais elevadas da abstração, sobre a situação atual, buscando perceber em que medida ela produz efeitos e exigências no plano da gestão. Para começar a enfrentar esse tema, faço uma observação bastante genérica, a partir da qual pretendo seguir em direção a uma abordagem mais sistemática da vida atual e dos problemas da gestão social.Temos hoje uma percepção clara de que vivemos em um mundo muito diferente daquele que encontramos relatado nos livros, ou com o qual interagimos há cerca de 20 ou 30 anos. É um mundo que tem uma mola transformadora poderosa na economia, como costuma acontecer, mas que só pode ser entendido se formos além da economia. Hoje, não dá simplesmente para dizer que a economia tem poder de determinação sobre os diferentes aspectos da vida, pois a vida é complexa demais e escapa de determinações unilaterais. Não é pelo registro simplificado de que estamos em uma nova fase de acumulação do capital, por exemplo, que conseguiremos estabelecer um diagnóstico preciso da época em que nos encontramos, por mais que seja decisivo considerar o capitalismo. Temos de considerar com atenção redobrada o modo de vida sócio-cultural e pensar, a partir dele, as formas da política e da gestão. Há uma determinação econômica, com