a geografia isso serve em primeiro lugar para fazer querra
LACOSTE, Yves
Segundo Yves Lacoste duas são as formas de geografia: “A geografia dos professores” apareceu há menos de um século e se tornou um discurso ideológico no qual umas das funções inconscientes, é a de disfarçar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. E essa geografia funciona, ate certo ponto, como uma tela de fumaça que permite esconder suas reais intensões aos olhos de todos , a eficácia das estratégias políticas, militares, mas também estratégias, econômicas e sociais que uma outra geografia permite a alguns elaborar. Por isso pouco parte no poder tem consciência de sua importância, é única a utiliza-las em função dos seus próprios interesses e este monopólio do saber é bem mais eficaz porque a maioria não dá nenhuma atenção a uma disciplina que lhe parece tão perfeitamente desnecessário.
E a outra é a “geografia dos estados-maiores” praticada pelos estados-maiores, pelas grandes empresas capitalistas, pelos aparelhos de Estado. Esta última é a mais antiga, tendo surgido desde o advento dos primeiros mapas, que seriam provavelmente coevos da organização societária com o poder político instituído enquanto Estado. Essa geografia e é um conjunto de representações cartográficas e de conhecimento variados de representações cartográficas e de conhecimento variados referentes ao espaço; esse saber sincrético é claramente percebido como eminentemente estratégico pelas minorias dirigentes que o utilizam como instrumento de poder.
A diferença fundamental entre a geografia dos estados-maiores e a dos professores não consiste na gama dos elementos do conhecimento que elas utilizam. A primeira recorre, hoje como antigamente, aos resultados das pesquisas científicas feitas pelos universitários, quer se trate de pesquisa 'desinteressadas' ou da dita geografia 'aplicada', os oficiais enumeram os mesmos tipos de rubricas que se balbuciam nas classes: relevo -clima - vegetação