A fotografia em si
Mônica Simões ¹
Resumo
Este artigo é sobre a fotografia analógica e o seus diversos aspectos desde questões da sua própria fisicalidade, passando por questões de ordem antropológica, filosófica, artística e técnica. Buscando relacionar a fotografia e o homem e a sua função no mundo contemporâneo.
Palavras –cahave: fotografia, imagem, técnica, tempo, espaço.
Uma das justificativas de Barthes para escrever A Câmara Clara é justamente a ausência de obras que investigassem a fotografia em si. Considera a maioria dos textos repletos de classificações e sistemas redutores, ora analisando a fotografia tecnicamente, ora historicamente ou como linguagem artística. Mas a grande questão permanecia sem abordagem:
Em relação à fotografia eu era tomado de um desejo ‘ontológico’: eu queria saber a qualquer preço o que ela era ‘em si’, por que traço essencial ela se distinguia da comunidade das imagens (BARTHES, 1984, p.12).
Para mim esse enunciado contém a minha grande pergunta: o que é a fotografia em si? Talvez respondendo a segunda pergunta: “por que traço essencial ela se distinguia da comunidade das imagens”, possamos vislumbrar algumas respostas para a primeira.
É bom lembrar que esta fotografia a que estou me referindo é a fotografia tradicional, analógica, inclusive são delas de que o meu acervo é composto. O surgimento da fotografia digital, na virada do século XX para o século XXI, vem acrescentar outros paradigmas e novas questões no mundo das imagens. Mas a nossa persona é a fotografia pré era digital.
Caixas. Mônica Simões, 2007.
A fotografia se assemelha à pintura no uso do suporte. A primeira utilizando o papel e a segunda a parede da caverna, o vidro, a tela. Mas ela se distingue na sua possibilidade de reprodução e de trocar de suporte com facilidade, indo do papel para um plástico ou para uma lata.
Tecnicamente, a fotografia, nos seus primórdios, utilizou-se de