A formação da classe operária no Brasil
Formação da classe operária e projetos de identidade coletiva.
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A formação da classe operária é frequentemente pensada como um fenômeno puramente econômico e associado ao surgimento da indústria, sendo assim a classe operária no Brasil tem sua origem associada ao surto de industrialização da década de 1880, porém essa perspectiva não considera que a existência de trabalhadores fabris não assegura a existência de uma classe. A formação da classe é, portanto, um processo demorado onde os resultados podem ser verificados na medida em que concepções, ações e instituições coletivas, de classe, tornam-se uma realidade.
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A imagem que se tem da classe operária no Brasil durante a primeira república é de ela foi “branca, fabril e masculina”. Cada um desses atributos falseia a realidade ao seu modo. Quando se fala em uma classe operária branca composta em sua maioria de imigrante europeus, ( que é uma visão válida para os estados de São Paulo e do Sul) se desconsidera o peso do operário nacional com significativa participação de negros e mulatos no resto do país. A respeito do caráter fabril, essa ideia desconsidera as manufaturas e oficinas com pequeno número de operários e trabalho manual.
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Com relação a predominância masculina na classe operária, de fato prevalecem os homens no trabalho manufatureiro e industrial, porém a mão de obra feminina foi bastante significativa nos ramos têxtil e o de vestuário chegando a ser maioria em alguns lugares. O que é importante ressaltar é que o peso do trabalho feminino esteve sub-representado nas organizações, inclusive nos setores onde a presença feminina era majoritária, elas estavam quase que invariavelmente ausentes dos cargos diretores.
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Durante muito tempo acreditava-se que a presença de imigrantes no sudeste e no sul do país teria uma relação direta com a militância do movimento operário e a difusão de certas ideologias, porém a maioria dos imigrantes vinha do campo e na maioria das vezes não