A Formação da Classe Operária Inglesa
A obra de Thompson se completa com a publicação do seu terceiro volume, A Formação da Classe Operária Inglesa conta com ótima qualidade editorial, e possui excelência em sua tradução considerando o tom narrativo e o material da pesquisa, registros populares do período entre 1790 e 1832 na Inglaterra;
É um clássico dos movimentos trabalhadores. A obra que melhor reconstitui o movimento histórico decisivo da transição da sociedade inglesa para o capitalismo industrial na ática dos estratos inferiores dessa sociedade. Thompson estuda o contexto da vida dos trabalhadores, suas inquietações, aspirações, ritos e símbolos coletivos, num ambiente hostil ao reconhecimento de suas identidades sociais e culturais fundadas na tradição da sociedade inglesa daquele período;
A familiaridade intelectual e o envolvimento emocional de Thompson com os protagonistas propiciaram uma narrativa expressiva da época. Essa característica a destaca entre os clássicos, através do olhar astuto dos micro-processos sociais que compõe o quadro descritivo dos seus cenários históricos;
O texto emerge num cenário acadêmico dominado por paradigmas estruturais, quase nada mencionando o papel das pessoas e suas relações na construção da realidade histórica. Em contraposição, Thompson inscreve-se na tradição metodológica da sociedade interpretativa com ênfase no papel ativo dos atores sociais na construção de suas identidades, interesses e ações coletivas;
Conforme Thompson, as três partes que compõe A Formação da Classe Operária Inglesa tem a seguinte estrutura: na primeira parte ele trata das tradições populares do século XVIII, que influenciaram a aceitação jacobina no ano de 1790. Na parte dois ele passa para as influências objetivas, as experiências dos grupos de trabalhadores durante a Revolução Industrial. Na terceira parte remonta a história do radicalismo plebeu, através do ludismo, até a época final das guerras napoleônicas.