A fixação portuguesa em Marrocos e as contingências da Expansão Portuguesa no espaço Atlântico e no Índico
Depois de crise de 1383/85, da qual saiu vencedor o Mestre de Avis, futuro rei D. João I, continuou a haver um clima de casus belli entre Castela e Portugal. Só em 1411 é assinada a paz, através do Tratado de Ayllón/Segóvia. Todavia já havia um aliviar das tensões entre os dois países o início do século XV, o que levou a que, de acordo com o cronista Zurara, D. João I iniciasse (em sigilo) em 1409 os preparativos para uma grande expedição lançada no combate aos mouros. Esta tinha várias finalidades; visava nomeadamente a afirmação política e a capacidade militar do reino, rompia o isolamento a que Portugal estava confinado (só fazia fronteira com Castela), aumentava o seu prestígio junto das outras nações e expandia a fé cristã, o que agradava às entidades eclesiásticas. Tudo isto viabilizava a continuidade do reino como nação independente. O reino de Granada seria o alvo mais apetecível, mas Castela tinha declarado ser seu o direito de conquista daquele reino. Assim, para evitar outro conflito com Castela, os olhos lusos viraram-se para a alternativa: o reino de Fez. A cidade de Ceuta foi escolhida por vários motivos:
- Situava-se numa zona estratégica muito importante, junto ao Estreito de Gibraltar, dominando assim o acesso ao mar Mediterrâneo. Essa localização permitia também combater eficazmente a pirataria mourisca;
- Ali chegavam mercadorias de todo o Islão para trocas comerciais com a Europa, sendo também um local de transacção de ouro. Tudo isto fazia de Ceuta um cidade riquíssima, e como tal uma mais-valia económica para o reino de Portugal;
- A região era rica em recursos naturais, nomeadamente terra arável excelente para a produção de cereais e mar rico em pesca;
- Havia pressão por parte de várias classes; a nobreza queria alargar as suas terras e rendas, a burguesia pretendia