A fita branca - análise sociológica durkheimiana
O enredo do filme “A Fita Branca”, de Michael Haneke, baseia-se em uma sequência de acontecimento misteriosos e, como um todo, permeia as questões sociais e individuais de um vilarejo alemão no início do século XX. Somos levados a acreditar que tais ocorridos são consequências de atos de um grupo de crianças, mesma conclusão do jovem professor, personagem narrador da história. A pergunta passa a ser então o porquê dos atos e qual o seu fundamento. Em um filme tão bem elaborado esta não é uma pergunta fácil de responder, entretanto, a relação entre os personagens e seus feitos sugerem uma possível explicação, que procuro embasar a partir de duas categorias durkheimianas: moral e religião.
Pode-se entender que moral é um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve conduzir-se em determinadas circunstâncias (DURKHEIM, citado por QUINTANEIRO, 2002, pág. 93). Relacionando com a religião, na obra As Formas Elementares da Vida Religiosa, Ora, para que os principais aspectos da vida coletiva tenham começado por aspectos da vida religiosa, é preciso evidentemente que a vida religiosa seja a forma eminente e como uma expressão abreviada da vida coletiva inteira. Se a religião engendrou tudo o que há de essencial na sociedade, é porque a ideia da sociedade é a alma da religião.
As forças religiosas são pois forças humanas, forças morais. (2003, pag. 224)
Destes pressupostos interpreto que, no filme, estamos diante de uma comunidade onde os laços religiosos e morais estão bem “amarrados” e os eventos ocorridos têm sua origem na relação destas duas forças. A cena que escolho para ilustrar esta associação é a da “fita branca”, que dá nome ao filme e enlaça os cabelos e braços das crianças Klara e Martin. Diante da desobediência dos dois filhos que chegam tarde a casa, o pai – pastor da comunidade - decide puni-los com 10 golpes de vara na frente dos irmãos (certamente para causar constrangimento e alertar os outros) e amarrar uma fita