A Financeirização
Uma característica da economia mundial nas últimas três décadas é o fosso, cada vez maior, do salário e riqueza entre países. Para além disso, assiste-se a um abrandar da taxa de crescimento económico e de maiores limitações à acção dos estados para promover o aumento dos padrões de vida e da protecção social.
A grande recessão de 2008 tem raízes mais profundas do que a crise financeira americana. Facilitado por um período de liberalização do sector financeiro, os bancos e empresas de investimento aliciaram empréstimos fáceis. Este período que começou nos anos 80 criou uma nova era da finança, com os bancos a alterar o seu foco sobre os negócios quotidianos para actividades financeiras especulativas.
A tendência para a desigualdade entre países começou nos anos 70 com o integrar de políticas macroeconómicas neoliberais. Já Keynes avisava para o perigo que uma distribuição desigual do rendimento traria perigos para o emprego e efeitos macroeconómicos. Isto acontece porque se o rendimento fica concentrado nas mãos dos mais ricos, a procura agregada cai e, consequentemente, o emprego. Os mais ricos tendem a gastar menos do que a classe média, logo uma redistribuição da riqueza nos mais ricos resulta em maiores taxas de poupança e menor procura agregada. Com isto, as famílias tendem a contrair crédito para financiar o consumo ou os países seguem estratégias de crescimento pelas exportações, substituindo a procura interna pela externa.
A liberalização proporcionou maiores facilidades para as empresas, nomeadamente na transferência da produção de países de mais alta remuneração para países com salários mais baixos, provocando desemprego e pressão descendente nos salários nos países ricos. Outra razão para o aumento das desigualdades foi a pressão dos governos na diminuição dos gastos públicos e na diminuição dos défices que, a longo prazo se traduziu numa diminuição da procura agregada. Por último, a mudança de políticas dos