A filosofia
Questionando o julgar, interpretar e escolher
Primeira Parte — Modo de existir humano
José Auri Cunha (coord.)
Sacha Zilber Kontic
Vinícius de Oliveira Prado
UNIDADE I – O ser humano
CAPÍTULO 1 – A FILOSOFIA
O que é a Filosofia e como ou quando ela nasceu são questões que pairam sem uma resposta consensual. Nem sempre há concordância entre filósofos no reconhecer uma obra como sendo de filosofia e seu autor como um filósofo. São, portanto, questões elas mesmas filosóficas. Mas o que seriam questões filosóficas? Quais as atitudes, habilidades ou competências necessárias para que se pratique o filosofar? Responder a essas questões torna-se um pré-requisito para uma iniciação à filosofia. Pretende-se fazer uma iniciação filosófica à filosofia, isto é, ir ao mundo do pensamento filosófico para dialogar com os pensadores – não para estabelecer o que eles de fato quiseram dizer, mas para re-pensar com eles e a partir deles algumas questões filosóficas sobre as quais eles deixaram uma contribuição significativa.
[Manter os neologismos re-lidos e re-pensados separados com os traços, conforme escreve Heidegger]
Filosofia: marca distintiva da cultura ocidental
O berço da cultura ocidental é a Grécia antiga e sua continuidade dada pelo Império Romano e pelos monges cristãos medievais. Um dos traços mais distintivos da cultura ocidental é o cultivo da razão argumentativa, dos debates e discussões como forma de estabelecer aquilo em que se deve acreditar como sendo verdadeiro. Em qualquer reunião cotidiana, praticam-se discussões e argumenta-se visando à afirmação de um Ego –um eu pensante –, situado em algum ponto de vista particular a partir do qual seu pensamento é articulado, comunicado e debatido. Por exemplo, os monges cristãos medievais exercitavam-se nas técnicas da argumentação, como forma de provar alguma heresia a ser condenada. De modo análogo, as formas de vida democráticas exercitam a argumentação