A Filha do Bandido
“A nossa esperança começa aqui... Meus irmãos
Entre o acordar e- o abrir dos olhos que choram
Começa na forma de unir nossas mãos,
E ajudar a levantar aqueles que imploram.
Imploram por comida, imploram por educação
Pede uma consulta descente ou um pedaço de pão
Imploram por segurança dentro de nossa casa
E gritar de verdade que és nossa pátria amada
Alegria de alguns alegretos...
Queria que fosse mais verdadeiro
Que todos possam ter o arroz, o feijão e o sal
E que a união continuasse depois do carnaval
Que vissem as nossas belezas, não só nossas bundas
E ver de verdade que seu filho não foge à luta
Deixar de lado a escuridão e ver o sol
E não ser só Alegreto só quando tem futebol.”
ANA- Eita, Santa Maria dos Alegres velha de guerra! Passa noite, passa dia e o sol volta a brilhar. Em Santa Maria dos Alegres o povo é triste. Ontem mataram seis mulheres, duas por causa de traição e as outras porque os maridos achavam que estavam sendo traídos. Morreram cinco crianças, uma por fome, e as outras porque quem deveria proteger, assim não o fez... Eu nunca vou conseguir entender. Mas, eita, que o sol tá lá... Brilhando! (canta “Moinhos de Vento” do Cazuza)
MARIA- Oh, Ana, bom dia! O que foi que você já tá ai cantando?
ANA- Nada, Dona Maria. Só to falando das coisas que aconteceram ontem e o sol ainda continua a brilhar...
MARIA- Ele vai vir sempre, Ana. O sol é o olho de Deus.
ANA- Mas e de noite? Deus não olha?
MARIA- Não, minha filha. Ele fecha os olhos e reza por nós.
ANA- Nossa Dona Maria, como Deus está ruim de reza, hein?
MARIA- Não fala assim, minha filha. Ele não tá ruim de reza, ele só está esperando o homem acordar.
ANA- Oxe... To acordada... Por que não vejo essas coisas?
MARIA- Acordar pra vida, Ana! Pra vida!
ANA- Como assim?
ELIANA- Como assim o que?
ANA- Como assim posso acordar pra vida?
MARIA- Fazer esse povo acordar. Falar o que tem que se fazer pra mudar nossa sociedade, o que tem que acontecer pra mudar tudo.