A felicidade
Introdução
O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão sobre o conceito de felicidade. O uso desse termo parece-nos bastante vulgarizado em nossa contemporaneidade; constitui motivo de perplexidade ler, em revistas de grande circulação, peças publicitárias, prometendo felicidade a partir de magias, simpatias, oráculos, entre outros, práticas correntes em muitas culturas, de várias épocas, mas envolvidas em mistérios que exigiam esforços e no contexto de rituais, ou processos bem complexos, por serem sustentados em mitologias, religiões, culturas.
Parece que, em nossa cultura da sociedade de consumo, perdeu-se o sustentáculo que garantia a solenidade dessas manifestações culturais e permaneceu o que poderíamos denominar de simulacro, uma festividade/ ritual que promete de maneira imediata amor, dinheiro, sucesso, sem exigir nenhum esforço emocional, ou consistência daquele que será ajudado.
Foi essa perplexidade que nos levou a tentar resgatar esse conceito na História da Filosofia; questões que instigaram foram: Por que essa necessidade de felicidade agora/já? Qual é a imagem de ser feliz que perpassa nosso mundo? Apresentar o sujeito moderno como um vazio ávido de conteúdo imediato, como necessidade de consumir prazer também imediato, poderia ter relação com a imagem de ser feliz, com modelos prontos que garantem uma espécie particular de felicidade? Seria possível pensar a noção de felicidade como cultural, ou como intrinsecamente humana?
Sem a pretensão de dar conta de todas essas questões, mas, no intuito de delimitar melhor sua problemática para poder refletir, enfocamos a questão da felicidade na ótica de Aristóteles, Sêneca e Rousseau.
1. Aristóteles
O primeiro filósofo abordado é Aristóteles, que coloca a questão da felicidade logo no início da “Ética a Nicômaco”, no contexto da explicitação do conceito de bem como finalidade da vida humana; em outras palavras, afirma o sumo bem como fim e a política como a maior das ciências,