A favela est na moda artigo
No Rio dos mega-eventos mundiais interessa acionar um modo outro de governo dos riscos e dos ditos perigosos. Não que haja um descarte da prática de extermínio, apenas por uma questão política, midiática e, financeira prepara-se a favela e os favelados para torná-los lucrativos, transformando seus modos de vida em ganhos para ONG´s, para mídia, para empresas, para o governo e para eles mesmos, na medida em que se convertam em cidadãos empreendedores de si ajustados à lógica neoliberal.
A fabricação e a garantia da qualidade e serventia desta “favela-exportação” se dá através da chamada política de pacificação cujo principal instrumento de ação é a Unidade de Polícia Pacificadora2. Assim, a favela é transformada em cartão-postal e cenário de novela3, local de maratona e desfile de moda. Promove-se assim, uma espécie de “neutralização dos paradoxos” da cidade.
Na última aula do curso Segurança, Território e População, em 5 de abril de 1978, Foucault diz que a polícia é uma “instituição de mercado”4 que exerce através da regulamentação dos fluxos de mercadorias e pessoas a urbanização do território. Portanto, policiar é a mesma coisa que urbanizar. A polícia chegou a ser compreendida por Domat, teórico citado por Foucault, como condição de existência da urbanidade, porque delimitava o modo como os homens deveriam interagir entre eles.
A partir da leitura deste curso de Foucault, propomos que a Unidade de Polícia Pacificadora opera uma Urbanização Pela Polícia, isto é, uma gestão do território, que não é