A Família na Historiografia Brasileira...
PERSPECTIVAS TEÓRICAS
Marisa Tayra Teruya*
INTRODUÇÃO
A família tem sido abordada sob diferentes enfoques e definições, e suscitado muitas discussões em torno de seu referencial teórico e métodos de análise. As várias tendências sobre a família coexistem e se alimentam reciprocamente através de diálogos ora amistosos, ora antagônicos, posicionando os pesquisadores em debates que confrontam teoria/ empiria, análises econômicas/análises culturais, estudos diacrônicos/ estudos sincrônicos e abordagens "quantitativas"/ abordagens "qualitativas".1 Estes debates polêmicos, longe de levarem a uma 'auto- destruição' do campo, têm proporcionado um crescimento ainda maior de todas as áreas envolvidas, ao rejeitarem modelos simplistas de análise.
Todos coincidem porém, com ênfases diferentes, na idéia da família como uma instituição mediadora entre o indivíduo e a sociedade, submetida às condições econômicas, sociais, culturais e demográficas mas que também tem, por sua vez, a capacidade de influir na sociedade. Esta dualidade também tem marcado os estudos sobre a família.
A História da Família, que no início da década de setenta se apresentava com contornos mal definidos e freqüentemente confundida com o que poderia ser considerado alguma de suas partes, chegou aos anos noventa renovada, movimentandose de uma visão limitada da família como uma unidade estática no tempo, para ser examinada como um processo ao longo da vida inteira de seus membros. Passou do estudo das discretas estruturas domésticas para a investigação das relações da família nuclear com o grupo de parentesco mais vasto e do estudo da família como uma unidade doméstica distinta para um exame da interação familiar com os mundos da religião,
* Doutoranda em História Social – Universidade de São Paulo; bolsista FAPESP.
1
Ver Fonseca, Cláudia- A História Social no Estudo da Família: Uma Excursão Interdisciplinar. In: BIB, Rio de