A face oculta da escola
Enguita nos coloca que uma das principais características da escola é a obcessão pela manutenção da ordem. Essa ordem pode ser defendida por razões técnicas, como por exemplo a possibilidade de o professor ter condições de se comunicar com os alunos através da fala em tom normal. A maioria dos diretores adverte aos professores de que não importa o que ensinem, mas que consigam mantê-los em ordem. A submissão à autoridade aprendida no seio da família não constitui uma base preparatória suficiente para a aceitação da autoridade no local de trabalho. Ou seja, a escola não ajuda os estudantes a se desenvolverem como indivíduos maduros, mas sim, mantém os jovens em um estado de dependência crônica, quase infantil. Não se deve pensar que a autoridade e a disciplina existentes na escola são simplesmente as necessárias em qualquer tipo de organização. Se imaginamos que não há outra forma de aprender senão escutar ou realizar as atividades coletivas indicadas por um professor, então nos veremos levados a aceitar a necessidade da ordem, da imobilidade, da simultaneidade, dos horários coletivos. Entretanto, a presente organização da educação não é a única forma de organização possível, mas apenas, a forma que lhe foi dada, entre as muitas possíveis. Segundo Enguita, “Não é preciso forçar a ordem, ela não se converte em um problema organizativo, quando a aprendizagem é voluntária do princípio ao fim. Mas isto está hoje reservado a processos educacionais localizados fora das escolas”.(pág. 166) A autoridade é apenas uma dimensão pessoal da organização. “A relação pessoal com o pai, a mãe ou outros adultos da família é substituída na escola pela relação com o professor, mas uma relação na qual o aluno é considerado apenas enquanto parte de um grupo, coletivo ou categoria”. Uma vez que é aluno, deverá apresentar-se todos os dias no mesmo horário, não importando se para ele é muito