A Experiência do Belo em Schopenhauer
Autor: Henrique Selbert
Apresentação e Justificação do Tema
“ A maneira como este livro deve ser lido, para assim pode ser compreendido, eis o que aqui me propus a indicar. O que deve ser comunicado por ele é um pensamento único. .”. (SCHOPENHAUER, A. 2005, p. 19)
Publicado em 1819 a obra O Mundo como Vontade e Representação apresenta em seu terceiro livro a metafísica do belo. Escrito diante de uma intensa transformação social da Europa, como a revolução francesa e a expansão napoleônica, as ideias de Schopenhauer representaram um abalo na filosofia daquele período. Suas ideias relacionadas à teoria do conhecimento influenciaram diversos autores subsequentes.
A teoria do belo de Schopenhauer por não estar exposta a uma teoria estética apresentou-se enquanto caminho para a própria compreensão/apreensão do belo. Para o autor, ciências como a arte e a ética não são passíveis de ensinamento, portanto é papel do filósofo tomar para si a investigação da essência da arte, bem como da ética. Schopenhauer aponta que “a virtude não se aprende mais do que o gênio, as noções abstratas são por isso inúteis, tanto para a moral, quando para a arte” (Schopenhauer, 2001). Por se tratar de um conhecimento verdadeiro e profundo da essência do mundo a metafísica do belo não pode ser transmitida, senão por via do próprio conhecimento intuitivo.
Ao contrário da vontade subjetiva, Schopenhauer identificou na experiência de contemplação do belo a possibilidade de tranquilidade e apaziguamento do sofrimento causado pela sensação de carência. No momento da entrega à experiência do belo, o sujeito conseguiria por alguns instantes suspender essas vontades particulares (seus objetos de carência) e unir-se a um todo indivisível. Esse momento de comunhão com um todo, inapreensível pela razão, é descrito pelo filósofo alemão como fugaz: a mais tênue relação com a vontade – tal como querer ter o objeto que inspira o belo – destruiria