A existência do ser na contemporaneidade
887 palavras
4 páginas
Um mundo melhor é aqui e agora! Enquanto na Modernidade o mundo melhor que se buscava era sempre outro mundo – do futuro, da revolução, do romantismo – hoje, esse idealismo projetado para fora do mundo que conhecemos foi abandonado. Para o filósofo e psicanalista André Martins, professor associado da UFRJ, “buscamos ser contemporâneos no sentido de buscar soluções efetivas atuais para os problemas atuais. O desejo de se melhorar no micro e não somente por grandes soluções é extremamente contemporâneo”. Na Modernidade, acrescenta, “a necessidade de ser contemporâneo era um furor que buscava a novidade, o novo, em um sentido de um mundo melhor. Esse sentimento era em grande parte motivado pelo progresso da ciência e da razão, porém sempre indicando um mundo melhor e uma vida melhor para os indivíduos. Era preciso ser contemporâneo para não perder o bonde da história”. Assim, segundo Martins, o furor moderno era também, a seu modo, uma fuga do presente, um refugiar-se no sonho, uma depreciação da vida e do mundo real, ou, em uma palavra, um niilismo. Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do final do século XIX, diagnosticou o niilismo como a “doença do século”, tomando como eixo temático a “morte de Deus”. Para Nietzsche, niilismo é a falência de uma avaliação das coisas, que dá a impressão de que nenhuma avaliação seja possível.
Em 1909, há exatos cem anos, o poeta italiano Filippo Marinetti publicava no jornal francês Le Figaro o Manifesto Futurista exaltando a insônia febril da era moderna e afirmando a beleza da velocidade e da máquina: “um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia”, dizia ele, em um claro apelo ao abandono do passado e das tradições, em favor do que era novo. A Modernidade associa tradição com atraso. Abrir as portas da Modernidade significava destruir as marcas do passado, suas igrejas e seus museus em um processo de destronamento de toda tradição. Era como se a história tivesse que ser