a existência de deus
Apesar de evidente, o cogito não é suficiente para fundamentar o edifício do saber. A certeza penso, logo existo é uma certeza subjectiva. Não se consegue alcançar uma efectiva fundamentação do conhecimento sem se descobrir o que se encontra na base do pensamento e na origem da existência do sujeito pensante.
Com o cogito só temos uma certeza, a do pensamento, não sabemos se a realidade existe ou não. A alternativa será deduzir a partir do pensamento a realidade exterior. Na expressão Eu penso encontram-se dois elementos:
O pensamento enquanto atividade
Ideias que o Eu pensa.
Assim sendo, não posso duvidar que possuo ideias. Talvez o mundo não exista, mas não posso duvidar que possuo ideias. O pensamento pensa sempre através de ideias: Eu penso não no mundo mas sobre a ideia de mundo. Torna-se então necessário estudar as ideias para ver se nos deixam sair do cerco do pensamento. Existêm, então, ideias de três ordens: Ideias Factícias: que têm origem na experiência sensível (ideias de barco, copo, cão).
Ideias Adventícias: fabricadas pela imaginação (ideias de centauro, sereia).
Ideias Inatas: constitutivas da própria razão, estas são claras e distintas e nascem já com o homem (ideias de pensamento e de existência, assim como as ideias matemáticas).
Eu, Descartes, descobri em mim a Ideia de Infinito (Ideia de Deus).
1. Primeiro não pode ser adventícia porque: não se possui experiência direta de Deus, de infinito.
2. Não é factícia porque: tradicionalmente se defendeu que a ideia de Deus infinito provém da negação que existe do que é finito, o que eu defendo é o contrário, isto é, a ideia de finitude é que provém de algo que é infinito.
3. É inata porque: a ideia de infinito e de Deus é inerente ao homem.
Para mostrar a existência de Deus, Descartes apresenta diversos argumentos a priori (isto é, sem premissas empíricas, baseadas na experiência). Um desses argumentos parte da ideia inata que temos de um ser perfeito e que