A evolução do conceito de calor

A evolução dos conceitos físicos – atualização dos modelos criados para tentar explicar como a natureza funciona – é uma realidade muito real não só no campo da física, mas em todos os outros ramos da ciência. Na realidade, ela é parte integrante, digamos, do método científico. Dada uma determinada teoria, esta só pode ser suplantada por outra se, e somente se, a segunda explicar melhor e mais corretamente o fenômeno observado – qualitativa e quantitativamente.
No caso em questão, temos a evolução do conceito de calor. Ainda hoje, grande parte dos alunos ainda confunde a ideia de calor com a de temperatura; confusão clássica. Embora exista, de fato, relação entre estas duas grandezas, elas esta separadas por um grande abismo teórico. As primeiras observações concernentes ao calor – sua origem, sua natureza e possivelmente sua propagação – têm origem na antiga Grécia, assim como grande parte das ideias que fundamentam a física.
Inicialmente, pensava-se que o fogo era a essência da Natureza; um elemento quase que sobrenatural. Muitas ideias surgiram, então, a partir disso. Seria interessante frisar para os alunos, tendo por objetivo um parâmetro de condução de conhecimento:
• Que a conceituação atual de calor não foi “montada” da noite para o dia. Foram necessários milênios de construção e desconstrução teórica para que pudéssemos ter a compreensão atual;
• Que esta evolução ocorreu desde a Idade Antiga até a Idade Moderna;
• Que no início do século XVIII, o alemão Georg Ernst Stahl desenvolve a teoria do flogístico, substância hipotética que estaria encerrada em todos os corpos combustíveis e que seria libertada aquando da combustão.
• Que esta teoria, embora explique satisfatoriamente uma grande gama de fenômenos químicos, é invalidada por Antoine de Lavoisier (1743 – 1794). Utilizando a balança para estabelecer os balanços de matéria nas reações químicas, Lavoisier observa que os óxidos são mais pesados do que os metais de que provém, ou seja, a combustão