A evolução da sociedade
Tim Ingold
EVOLUÇÃO
Há muitos anos participei de uma palestra a respeito de evolução dada por um ilustre geneticista. Segurando uma pedra em sua mão, ele observou que, caso ele a soltasse, haveria uma certeza de que ela cairia no chão. Estou certo de que cada um em sua audiência concordou com aquilo. Do mesmo modo, ele então declarou que as espécies também evoluem. Desde então, esta falsa analogia fixou-se em minha mente por três razões. Primeiro, as declarações de um fato indiscutível parecem um lugar estranho para se começar a fazer ciência. Afinal, foi somente porque DARWlN se recusou a aceitar que as espécies tinham sido criadas pela ordem divina é que temos a teoria da evolução. Segundo, veio em minha mente a objeção apresentada por
CANON KINGSLEY, de mais de um século atrás, a respeito da alegação de que havia uma inevitabilidade similar a respeito da evolução da sociedade.
Uma pedra lançada, KINGSLEY observou, necessariamente não atingiria o solo se alguém decidisse apanhá-la. Seu ponto de vista, naturalmente, era de que a liberdade humana poderia não ser prontamente compreendida dentro de uma estrutura de lei mecânica. Terceiro, fui levado a pensar que se não fosse devido a um grande mal-entendido na história a respeito de suas questões, trazidos à tona mediante uma extensão não crítica de idéias amplamente aceitas, a respeito da evolução social quanto ao domínio dos seres orgânicos, os biólogos contemporâneos estariam, agora, nos dizendo que acreditar que as espécies evoluem é profundamente errôneo. Deixe-me explicar.
O verbo "evoluir", do latim evolvere, originalmente significava estender ou desdobrar. DARWIN, como é bem sabido, usa a palavra somente uma vez na primeira edição do livro A origem das espécies. É, de fato, a última palavra do livro e é usada no seu sentido original para transmitir a idéia da história
1
como uma grande procissão de formas se desdobrando, diante da interminável