A ESTABILIDADE DA FAMÍLIA ESCRAVA NO TERMO DE BARBACENA (1870 – 1888)
A ESTABILIDADE DA FAMÍLIA ESCRAVA NO TERMO
DE BARBACENA (1870 – 1888)
Projeto de dissertação de Mestrado apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em História – Mestrado – da Universidade Federal de Juiz de Fora, na linha de pesquisa Poder, Mercado e Trabalho.
Orientadora: Professora Doutora Mônica Ribeiro de Oliveira
Juiz de Fora, fevereiro de 2010.
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1 – DELIMITAÇÃO DO TEMA
Esse trabalho pretende analisar a constituição das famílias escravas no Termo de
Barbacena, Minas Gerais, no período entre 1870 e 1888. Tratava-se de uma região dinâmica da economia mineira, entreposto comercial e agro-pecuário possuidor de uma ampla e reforçada população escrava. Sua produção estava direcionada ao abastecimento interno dos mercados locais, regionais e interprovinciais até os últimos anos dos oitocentos.
A valorização da História Regional, no caso a família escrava em Barbacena, significa considerar importante não só as realidades das pequenas cidades, mas buscar compreender a pluralidade da História de Minas Gerais e do Brasil. Não se pode compreender o processo de reprodução do escravismo em Minas Gerais e no Brasil e, sem se preocupar com sua manutenção, desenvolvimento e deterioração dentro das realidades locais.
Em Barbacena, as histórias sobre a escravidão foram sendo esquecidas, ao longo de um século. As pesquisas da historiadora Mônica Oliveira 1 sobre a documentação cartorária do referido termo estimularam a procura de melhor organização documental e consequentemente a criação do Arquivo Municipal Altair Savassi. Os testamentos, inventários, escrituras de compra e venda de escravos começaram a revelar histórias esquecidas. O tema deste trabalho nasceu da percepção deste esquecimento sobre a escravidão nesta cidade mineira, a história das famílias escravas é uma forma de resgatar uma parte dessas histórias.
Na historiografia brasileira, a própria existência do espaço familiar entre os cativos foi
negada