A escrita da história
Introdução
Ao mesmo tempo em que descreve as principais características do trabalho do historiador, Certeau realiza uma espécie de balanço dos caminhos percorridos pelos historiadores ao longo do século vinte. O texto é apresentado em três grandes blocos, todos iniciados com uma pequena introdução, que antecipam os temas “um lugar social”; “uma prática”; “uma escrita”. A argumentação é feita de maneira que as diversas partes remetam umas às outras. Para Certeau, a pesquisa em história se faz a partir da articulação de um lugar — sócio- econômico, político, cultural. Ele quer apontar para a idéia de que o que faz o historiador, no dia-a-dia do seu ofício, é algo que se dá sempre num enquadramento, em meio a um sistema de referências. Ou seja, a pesquisa em história não é outra coisa senão o gesto de se recortar a experiência, estabelecendo um “jogo” de pertence ou não pertence. A análise historiográfica, tal como pensada a partir das formulações de Certeau, será um exercício de problematização do texto, ele sendo colocado em perspectiva em relação ao lugar de onde emerge, tendo explicados os aspectos operacionais da pesquisa que lhe antecedeu e lhe possibilitou a existência e, finalmente, sendo analisado enquanto texto “historiográfico”, produção dotada de particularidades socialmente aceitas e reconhecidas.
Um lugar social
É importante considerar uma grande importância ao lugar: a definição dos métodos, da topografia de interesses, das séries de documentos, das questões etc., tudo isso está ligado à relação que o historiador mantém com o lugar em que se encontra. Certeau indica que, se a pesquisa em história se faz em meio a limites, ela os reinventa, à medida que as questões vão sendo colocadas. Cada pesquisa, nesse sentido, não é apenas a manifestação de um lugar, mas a sua demarcação e a sua problematização. Isso se dá em meio a diálogos. Para Certeau o vínculo entre o lugar e a produção historiográfica implica na