A Escrita da História - Michel Certau
O que é esta profissão?
Enigmática relação que mantenho coma sociedade presente e com a morte através da mediação de atividades técnicas.
O que faz o historiador?
Liga as “ideias” aos lugares, compreendendo, ou seja, analisando o material produzido como produtos localizáveis e pertencentes a cada método instaurado e suas pertinências.
Se o historiador não reconhecer que a própria História é um sistema de pensamento pertencente também a lugares sociais, econômicos e culturais próprios e contingentes, não estaria pondo em prática o que diz que faz, estando fadado a um “sonambulismo teórico” e até certo dogmatismo intemporal. Ao encarar a história como uma produção, será compreende-la como a relação de um lugar (um meio, uma profissão), procedimentos de análise (uma disciplina) e a construção de um texto ( literatura). Adminitindo que ela faz parte da realidade da qual trata. Desse modo, esta operação história se trata de uma combinação entre lugar social, de práticas científicas e uma escrita.
1 - Um lugar social
Toda pesquisa histórica está articulada com um lugar de produção sócio-economico, político e cultural. Implicando em um meio de elaboração submetido a imposições, ligado a privilégios, enraizado em uma particularidade.
É em função deste lugar que se instauram os métodos que se delineia uma topografia de interesses que organizam as questões e os documentos propostos.
A – O não-dito deste lugar social R. Aron destruiu a idéia de que a história conseguia “reconstituir” a verdade daquilo que havia acontecido no passado em termos de “fatos históricos”. Desde então, ficou claro que a interpretação histórica depende de um sistema de referência, como uma “filosofia implícita particular” que organiza à sua vontade o trabalho de análise do historiador, revelando sua subjetividade. Ele mostra que os “fatos históricos” são determinados por escolhas que são anteriores a eles, não resultando da observação, não sendo