A escravid o nas duas margens do Atl ntico
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A escravidão nas duas margens do Atlântico: o debate historiográficoA ideologia escravista
Pode-se inferir pelas considerações de Gorender, pautadas por uma perspectiva materialista, que cria-se, em “O escravismo colonial”, uma análise ontológica da escravidão enquanto modo de produção proveniente de uma formação social específica: metodologia que concilia preceitos econômicos e historiográficos. Uma das conclusões a que se pode chegar é a de que, segundo a conceituação de modos de produções originários de submissões, subsistências e sínteses, o escravismo colonial não proveio de nenhum dos processos convencinais, mas sim de um “determinismo de fatores complexos”, resultando num “modo de produção historicamente novo”.
Para o autor, a ideia marxista de que o sistema escravocrata da plantation americana seria uma anomalia dentro do próprio capitalismo e de um mercado mundial baseado no trabalho livre é erroneamente postulada. Critica-se o discurso da analogia e defende-se uma análise criteriosa da fenomenologia de cada periodo histórico. “A presente obra pretende estudar o escravismo colonial ao nível categorial-sistemático do conhecimento histórico. Ao invés de um desdobramento cronológico, teremos a análise de categorias e de relações categoriais, ou seja, a estrutura e a dinâmica do sistema considerado em sua totalidade orgânica”.
A definição de escravidão é dividida em duas vertentes: a patriarcal, caracterizada por uma economia natural, e a colonial, que se destina a produção de bens comercializáveis. A essência primordial dessa condição de existência é a posse de um ser humano sobre outro, isto é, um ser humano adquiri a condição de propriedade de outro. Por meio das primordiais conceituações aristotélicas, é capaz de se delinear que uma propriedade existe em sua totalidade una e ao mesmo tempo pertence a outra coisa de maneira absoluta, e nesse caso, um pertencer também referente a uma totalidade de existência. Cria-se, portanto uma assimetria por