a escola é nossa
Miquel Massaguer1
É curioso constatar a bondade ou a maldade prc-semântica de determinadas palavras quando chegam até nós influenciadas pelo filtro da história da pedagogia em nosso país. Ninguém discutiria que termos como "participação", "escola democrática", "diálogo educativo", "autonomia", "comunicação", etc., são pilares fundamentais de nosso ensino fundamental atual. No entanto, parece que temos dificuldade em digerir termos como "castigo", "disciplina" e "autoridade".
Não é fácil diagnosticar essa oscilação de algumas ideias que a priori estão claras e perfeitamente definidas nos projetos educacionais de cada escola. Oscilação que, em última instância, muitas vezes nos leva a atuações mais próximas do equívoco e da insegurança do que da coerência de nossas ideias.
Este artigo pretende ser uma modesta reflexão que possibilite a coesão desses conceitos para reunir e colocar cada um deles em seu devido lugar e, a partir daí, abrir espaço para o comentário de determinados aspectos de algumas estruturas de participação que já fazem parte da maioria de nossas escolas.
QUE ESCOLA QUEREMOS OU QUE ESCOLA TEMOS
Uma escola é um ponto de encontro de pessoas de diferentes idades e procedências, com diferentes papéis que se relacionam e que se influenciam de forma intencional, em um âmbito legal que regula parte dessas relações para conseguir o desenvolvimento integral de todos. Nem todas as escolas são iguais, é claro, já que os valores que cada uma delas assume e põe em andamento podem ser diferentes. As decisões tomadas determinam as relações entre todas as pessoas e a peculiaridade de cada escola.
Então, é importante determinar que escola queremos ou, melhor dizendo, que princípios orientam a escola que já temos no que se refere ao binómio disciplina-participação. As duas coisas, certamente, poderão tornar nossa realidade mais clara.