A ESCOLA KEYNESIANA
Um velho clichê das ciências sociais em geral, e da teoria econômica em particular, é o de que a evolução das teorias sociais reflete as preocupações e problemas concretos enfrentados pela sociedade a cada momento. Em economia a emergência do pensamento keynesiano é dado como o exemplo mais significativo desta quase-tese: a ascensão da teoria da demanda efetiva teria sido o resultado direto da grande depressão dos anos 30; a experiência do desemprego em massa teria levado Keynes a criar uma teoria deste tipo de fenômeno e o clamor da sociedade por instrumentos de combate à crise explicaria sua ampla aceitação. Menos citada, a onda inflacionária dos anos 60 explicaria o surgimento de Milton Friedman no cenário acadêmico e político-econômico mundial. Afirma-se esta “lei” de criação de idéias econômicas não obstante o fato de que Keynes apoiou-se de forma até mais visível na redação da Teoria Geral na experiência inglesa dos anos 20 (quando quase todo o resto do mundo ainda vivia um período de euforia) do que na dos 30 ou de Friedman defendia idéias muito semelhantes àquelas dos anos 60 já nos 40, quando a inflação estava longe de se constituir no problema que se tornou posteriormente (CARVALHO, F. J. C.; 1999).
Pois bem, objetivando a estabilidade da economia européia e do próprio capitalismo, Keynes apresenta uma proposição de reestruturação da ordem econômica mundial centrada nos seguintes pontos: revisão do Tratado de Versailles, principalmente das questões pertinentes às reparações de Guerra – mais, especificamente, Keynes propunha o cancelamento das dívidas de guerra; reorganização do comércio internacional em conformidade com as sistemáticas do livre-comércio; e reforma monetário-financeira internacional para assegurar maior elasticidade da liquidez internacional e estabilizar as taxas de câmbio ((CARVALHO, F. J. C.; 1999).