A escola dos annales (1929-1989): a revolução francesa da historiografia.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da historiografia. São Paulo: UNESP, 1997, p. 11-22.
Burke trata da terminologia “Revolução Francesa da Historiografia” apresentada no prefácio de seu livro remetendo ao movimento precurcionado por Lucien Febvre e Marc Bloch na segunda década do século XX, comumente chamado de “Escola dos Analles”.
O autor apresenta uma analogia à Revolução Francesa ocorrida no século XVIII valendo-se de algumas similaridades, no qual podemos destacar a França como local onde se desenvolveram ambas as “revoluções”, além de Febvre e Bloch serem oriundos deste país. Porem deve-se ressaltar a contribuição que outros pensadores de várias nacionalidades tiveram na composição do pensamento de ambos. Além disso, nomes consagrados como Fernand Braudel, Jacques LeGoff e Georges Duby figuram no cerne de tal formação.
Burke sugeriu o termo “movimento dos Analles” (p.12) em detrimento ao uso comum do termo “escola” por se tratar de um estereótipo criado a partir da falsa impressão de coesão metodológica e práticas uniformes de seus integrantes, além disso, o autor alude ao caráter multifacetado dos membros, que certamente propiciou diversos embates naquele meio.
[...] Esta escola é, amiúde, vista como um grupo monolítico, com uma prática histórica uniforme, quantitativa no que concerne ao método, determinista em suas concepções, hostil ou, pelo menos, indiferente à politica e aos eventos. [...] (p.12)
Entre propostas do movimento é mister apontar para a interdisciplinaridade da construção historiográfica, assim como a proposta de uma problematização da composição histórica. A incorporação de outras áreas das ciências humanas tais como antropologia, geografia, sociologia entre outras; e até ligações com as ciências exatas e biológicas. Tais procedimentos trouxeram a suplantação e distinção da historiografia positivista que era usual até aquele momento.
O movimento