A escala da intolerância social
Vivemos em tempos de paz. Ainda assim, há quem viva o dia-a-dia de uma verdadeira guerra civil. Pessoas são mortas à luz do dia, em meio a tiroteios entre polícia, traficantes de drogas, assaltantes de carros, bancos, policiais à paisana, militares que reagem em situações de perigo, nas favelas e nas ruas, em um Brasil que nem sempre sai nas manchetes. Uma parcela cada vez maior da população vem perdendo o mínimo de seus direitos fundamentais garantidos, como direito à vida, à liberdade, ao contraditório, presunção de inocência, direito à inviolabilidade do lar, etc. Num mundo onde a importância dada ao progresso tecnológico é cada vez maior, reflexão deveria ser feita acerca do tema já que o avanço científico e tecnológico só tem razão de ser quando entendido à luz da sua dimensão humana. O caso mais recente e emblemático da escalada dessa violência e intolerância urbana se deu há poucas semanas. Um jovem foi acorrentado a um poste de rua com uma trava de bicicleta na altura do pescoço. O sujeito em questão foi acusado pelos passantes de roubar alguns turistas, além de um costume de pequenos roubos e furtos na região onde foi preso. Diante de um verdadeiro tribunal de rua, foi surpreendido por um cidadão que o agarrou após o delito e, ali mesmo, foi julgado e condenado a ser preso a um poste. Não bastasse esta pena, sua roupa lhe foi arrancada e despido foi deixado no meio da rua. A cena virou capa de veículos na mídia carioca, no Brasil e no mundo. A pessoa em questão era homem, jovem, negro e pobre, típico estereótipo da população carente e alvo de injustiças no país. Também é o perfil de boa parte da população carcerária do país. E o que há de comum entre os roubos e a corrente no pescoço? Houve-se falar até mesmo na grande imprensa em crime racista, mas o problema está além desta visão racial da situação. É a certeza da impunidade. A impunidade não é vista só do lado de quem pratica o crime. Ela é igualdade notada por