A Era dos Extremos
A revolução foi a filha da guerra no século XX: especificamente a Revolução Russa de 1917, que criou a União Soviética, transformada em superpotência pela segunda fase da “Guerra dos Trinta e Um anos”. Só os EUA saíram das guerras mundiais como tinham entrado, apenas um pouco mais fortes. Para todos os demais, o fim das guerras significou levantes.
A humanidade estava à espera de uma alternativa. Essa alternativa era conhecida em 1914. Os partidos socialistas, com o apoio das classes trabalhadoras em expansão de seus países, e inspirados pela crença na inevitabilidade histórica de sua vitória, representavam essa alternativa na maioria dos Estados da Europa. Só era preciso um sinal para que os povos substituírem o capitalismo pelo socialismo, transformando o sofrimento sem sentido da guerra mundial em alguma coisa mais positiva: as sangrentas dores e convulsões do parto do novo mundo. A Revolução Russa ou mais precisamente a Revolução Bolchevique, de outubro de 1917, pretendeu dar o mundo esse sinal. Essa foi tão importante que a história do século XX, segundo esse livro, é o tempo de vida do Estado nascido na Revolução de Outubro.
As consequências práticas de 1917 foram muito maiores e mais duradouras que as de 1789 (Revolução Francesa). Produziu o mais formidável movimento revolucionário organizado na história moderna.
I. A política internacional de todo o Breve Século XX após a Revolução de Outubro pode ser mais bem entendida como uma luta secular de forças da velha ordem contra a revolução social, tida como encarnada nos destinos da União Soviética e do comunismo internacional, a eles aliada ou deles dependente.
Na mente de Lenin e seus camaradas, a vitória bolchevique na Rússia era basicamente uma batalha na campanha para alcançar a vitória do bolchevismo numa escala global mais ampla, e dificilmente justificável a não ser como tal.
Na verdade, essa revolução certamente derrubaria o czarismo, já fora aceito por