A Epica De Gilgamesh O Texto
"Senhor da Terra, Ele via todas as coisas; os abismos da sapiência se escancaravam à frente dele, e nunca se viu homem como ele em força e beleza".Grande caçador de leões, "agarra-os pela juba e os trespassa".
Assim é Gilgamesh, que é dois terços divino e um terço homem. É o Ensi que cercou Uruk de poderosos muros e ali construiu um templo "que se ergue como uma montanha"., um imponente celeiro e um magnífico "palácio branco".
"Sua palavra e o seu juízo deitam lei sobre a cidade, e seus súditos o observam com temor e admiração".
Não obstante, este belíssimo e altíssimo é um tanto ativista demais, "nunca se detém" e quer que "a magnificência de Uruk resplenda sobre todas as outras cidades". Em conseqüência impõe a todos, jovens e velhos, homens e mulheres, um trabalho sem cessar. E são, sobretudo as mulheres que por fim elevam vibrantes protestos "aos grandes deuses, senhores de Uruk". O deus Anu reconhecendo que seus lamentos são justos encarrega a deusa criadora Aruru de plasmar um indivíduo que possa distrair o super zeloso Gilgamesh, um ser que seja tão forte quanto ele, "mas que não seja um animal do deserto".
Aruru lavou as mãos, tomou uma porção de argila, molda-a, cospe em cima e cria "do alento e do sangue de Ninib, deus da Guerra" um homem primitivo, Enkidu o guerreiro, filho do silêncio, raio de Ninurta. "Seu corpo era coberto por pelos, seus cabelos cacheados se alongam como o trigo", veste-se com peles e come a grama junto com as gazelas; bebe com as manadas e com as feras selvagens ele satisfaz sua necessidade por água. Torna-se pois o protetor de seus amigos animais, arrebenta as redes e inutiliza as armadilhas dos caçadores.
Os caçadores se cansam disto, até que um deles consegue perceber um dia, junto ao rio, aquele estranho indivíduo "que se assemelhava a um demônio dos montes". Vai falar com o pai, que o aconselha a tomar emprestada do soberano uma bela moça, e mostrá-la nua, "afim de que o homem se aposse de suas belas