A eficácia simbólica do xamanismo uma abordagem antropológica da relação entre o xamanismo e a psicanálise
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Claude Lévi-Strauss discute no capítulo 10, A Eficácia Simbólica, de seu livro Antropologia Estrutural a relação entre as praticas xamânicas e a terapia psicanalítica. Como exemplo de uma cultura xamanística, o autor descreve um ritual dos Cuna, índios nativos do Panamá. “O objetivo do canto é ajudar um parto difícil”. Basicamente o ritual consiste em um longo canto, que descreve uma luta mística entre o xamã e seus aliados espirituais para resgatar a “alma” da grávida das garras do espírito responsável pela gestação. As explicações para tal evento são de um simbolismo notável, que é em grande parte responsável pela cura. Inicialmente, o xamã faz representações dos espíritos que o ajudarão na tarefa. Em seguida, sempre recitando a canção, todos que participam do ritual declamam o que estão fazendo diversas vezes, que o autor explica como fator importante em uma cultura de tradição essencialmente oral. Há na canção diversas citações que remetem a realidade factual, como o caminho de Muu, que deve ser interpretado como o canal vaginal. A morada de Muu é o próprio útero, assim como diversas outras referencias. O xamã vai então, juntamente com seu exercito espiritual, vencer vários obstáculos no caminho de Muu, resgatando a alma e propiciando o nascimento. Os paralelos com a terapia psicanalítica ficam muito claros no texto. Ambos se utilizam do plano simbólico para realizar curas, sendo uma fisiológica e outra psicológica. Ambas fazem uso da transferência, e principalmente da cura pela fala. O fenômeno da transferência é de especial importância, pois ambos “curandeiros” são acometidos por ela, porem de vetores diferentes. Enquanto na terapia psicanalítica o doente é o responsável pelo fenômeno, no ritual xamanístico a figura do xamã herói é responsável pela transferência. O processo de ab-reação é de suma importância em ambas terapias, pois ambas levam o doente a tornar consciente algo inconsciente (não simbolizado, não elaborado) e uma experiência próxima e com a